Escrever para mim. Foi assim que tudo começou, num quarto em Benfica, por volta de 1994. Sentada na cama, com a guitarra nas mãos e a experimentar acordes e melodias. As canções vinham e reflectiam as angústias daqueles dias. Nada de muito sério ou de grande qualidade, apenas a pureza de querer deitar para fora o que me ia dando na veneta. Claro, sonhava com o dia em que essas canções pudessem ser ouvidas por muita gente, em que pudesse cantar para uma multidão de ouvidos atentos.
O tempo foi passando e como as mãos iam sempre para os mesmos acordes estafados, achei que entre aprimorar a composição ou aprimorar a voz, estava mais interessada na última. E assim cheguei ao ponto que conhecem, a cantar e interpretar as composições que me escrevem.
Mas o tal bichinho, carpinteiro ou carapinteiro, cá ficou moendo. Às vezes vou escrevendo umas rimas, às vezes vou pegando na guitarra e inventando melodias. Sempre sem grande convicção ou pressão, porque a minha arte é a do canto e não a da composição.
Há dias em que me sai alguma coisa de que gosto. É raro, mas acontece. Neste dia, saíram-me primeiros os acordes. Pouco depois, chegou a melodia. E com ela, vieram agarradas as palavras “deixo-me ir”. Deixei-me ir escrevendo e a canção apareceu. Não pretende ser mais do que um testemunho honesto e muito simples daquilo que é para mim cantar e do bem que me faz.
E, como não podia deixar de ser, vai ser tocada por mim à guitarra, a simbolizar esses tempos do início de tudo, em que sonhava na minha cama com os dias que agora vivo.
(Foto de Filipe Ferreira)
AB
Ana :
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sempre !! ?
Quando se luta com empenho naquilo que se gosta, quando se arruma o verbo desistir para o lado, quando se tem talento, o sonho acontece!
Que venha daí esse novo álbum!
Será um sucesso por aquilo que já conhecemos vindo de ti, Ana Bacalhau!
Beijinhos